Uma caixinha, por favor...

E ela, entre lágrimas, suplicou: "Por favor, alguém me arruma uma caixinha? Por favor...Preciso guardar minha dor..."

Ela não conseguia dormir. Seu coração doía muito... A dor cortava sua alma... Dor de tristeza, dor de saudade, dor das lembranças, dor da decepção, dor da frustração, da falta, da dificuldade em desapegar... Era muita dor... e a dor sangrava dentro do seu peito.

"Por favor, me arruma uma caixinha? Preciso guardar a minha dor!"

Nem uma resposta. Silêncio total! Só o palpitar de seu coração...

Pergunto: uma dor pode ser semente? Uma dor pode organizar letras? Uma dor pode se transformar em palavras, num texto?

E disse a ela: "Tente transformar sua dor em palavras... quem sabe assim ela se dilui..."

Sabe, não acredito que os encontros na nossa vida só sejam para sofrimento... Sempre acreditei que o amor supera tudo... Não supera? Sempre acreditei que, com um pouco de boa vontade, as pessoas conseguem se entender. Sempre acreditei que no final tudo dá certo... Não é assim?
Estou errada?

Oh, meu Deus, como são salgadas as lágrimas...

Ouço mais uma vez o mesmo apelo: "Cadê a caixinha? Tudo ficou tão pequeno, que uma caixinha pequena mesmo serve. Para colocar uma dor... um amor. E guardar... E esquecer dentro de um armário..."

Mas, novamente pergunto: "Será que se esquece um amor quando está impregnado na pele, nas musicas, no luar, no cheiro, na pele, nas poesias... Será que se esquece um amor??? Será que uma semente de amor morre?"

A intensidade das coisas determinam o seu valor: uma musica, casais dançando, uma moto, uma cachoeira, um gramado azul, uma estrada, um rio transparente, uma ponte, uma lágrima; uma música, palavras duras, casca dura, uma esperança, um sonho, um desejo; um caminho, uma cruz, uma vontade; desentendimentos, discórdias, desunião, dor; superação, constrangimentos, esperança; uma viagem, um avião,um milagre; sorrisos, música, um rio largo e tranquilo, mais música; um casal dançando, uma brisa leve, um sorriso de paz, de sonhos, de esperança; uma arvore de tronco machucado e galhos e folhas finas, um sol que se escondendo devagarinho; uma volta, uma lágrima, uma decepção.

"Por favor, cadê a caixinha? Nela tem que caber moto, musica, por do sol, rio, avião, esperança, sonhos e lágrimas..."

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